21 feb 2007

21 de Fevereiro -"Mãe".

21 de Fevereiro- “Mãe”

(A espera de um Anjo ,escutando Bach em uma Quarta-feira de Cinzas)

Toca o violino que emudeceu um dia.Desafinado mas insiste o tocador em sua lembrança.Não é musico ,apenas nostálgico.Nada senão alguém em espera preso ao tempo ,olhando o vazio enquanto as notas seguem falhas ,em be mol e o dedo inseguro na paleta e na corda rija fazendo o tom mais triste e grave .
Andante in concerto para violino en fá maior
Largo ma non tanto violino em ré menor
Solitário atravessando em sua saudade o tempo. Tantas saudades enquanto olhando ao Oeste espera um plainar de um Anjo, mas seguem-se as horas enquanto decai em sua espera.

Cinzas.
Para um bom ouvido apenas ouvinte. Apenas ouvinte enquanto não se atem a memória dos festejos ,mas sim ao silêncio o qual impera na casa.

Mais um ano. E por esta razão e mais outras ,mais alguns anos.De denodo, insônia, letargia e silêncio.Na ânsia por um riso.Na espera por um abraço. Mas apenas as paredes, as mesmas velhas paredes que contam o tempo, podem abraçá-lo.As mesmas paredes que cedem ao tempo cada vez mais rudes, mais escurecidas presas pela progressão dos anos mais cinzas , em coro com o silêncio no minguo espaço apenas para proferir quase inaudíveis sinfonias direto ao coração o qual responde ao silêncio e a falta de cor sob o micro clima que estaciona. Culpa remorso ou apenas saudade. Mas pouco adianta, enquanto ao mundo prossegue, no marasmo sob os dias, em semi penumbra e ali, na impossibilidade de retornar e viver um outro momento. Apenas passivo, numa reflexão sem retorno, apenas aspirando a secura do ar que se rarefazia.

E o que seria bem quisto? Senão um momento para si ,mas que não fosse subtendido como egoísmo . Não queria sentir pena de si mesmo,mas todavia não suportava mais aquele silencio e ânsia Desejava deixar de sentir a marca do passado e olhar ao lado e ter um abraço.O abraço que esperara em vão desde aquele fatídico dia ,anos atrás. Esperava uma voz, um abraço ,mesmo distante , mas cabia senão apenas esperar. Enquanto que as horas vagarosas daquele dia passavam sobre o mar do silencio e as vagas assoprando lhe poeira sobre si e sua vida.

Doce parecia ser o amanhã. Sempre continuo, lugar o qual se pode adiar todas as decisões e o grande medo de enfrentar o vazio .Difícil explicar ,mas embora ainda em convívio ,sentia-se sozinho .E como ela tantas vezes pedira , que um Anjo,intercedesse por ele quando deixasse a todos e ele então estivesse sozinho. Mas nisto estava a relação de coisas em que se encontrava inocuamente esquecido, afeito apenas à lembranças, sem te-las como dividir, tampouco a sensação de tristeza e fardo que trazia consigo.O Anjo ,dele não sabia. Nem cabia pedir ajuda , por que olhava a outros, num vôo a uma outra procura distante.

Valão dos Milagres .Seis meses depois o registro. Mas não era canceriana .sim, pisciana. Serva sofredora como o epíteto em que a mesma aclamava em seus momentos de doença. De uma segunda de chuva em meio a ventania. “Sheni” como acusavam a velha ter proferido em sua loucura. ‘Geni’ , em rápida interpretação a santa católica.

Órfã cedo .Vieram também a Varíola,um acidente, uma paralisia de dois terços de década, reabilitação e êxodo.Décadas depois viria a se casar e contrariando diagnósticos, a ter também um filho.

Agora deixara a casa para então reinar o silencio .Silencio apenas quebrantado por uma espera em que em um dia o renovo visse a uma vez mais contemplar o que fora família.Saudade das tardes quando sob escaldante calor a casa abafada ficava com o filho ao chão da sala. Escutando um aparelho Rádio Am. As músicas mais antigas e do Brasil caipira também.Era a saudade do interior bucólico da infância que acima das moléstias permeava se de historias,casas antigas, bichos,matos e muitos familiares e conhecidos.Ao rádio programas de auditórios, músicas, serestas, violas e a Mpb inundavam aquelas tardes enquanto costurava alguma roupa ,preparava a comida ou tecia comentários a respeito ao que do radialista .Podia agora escutar o ecoar de varias seqüências musicais, principalmente aquela”Concerto para uma só voz” do cancioneiro Jessé ou atendo se as paredes dos cômodos, uma vez mais Bach em suas notas difusas, como dispusse –se a narrar toda uma rede de trajetórias de vidas e agora o crível silencio.

Saudade dos abraços.E mesmo de quando ralhava . Sua preocupação jamais como de outra. E mesmo em dias tensos e de enfermidade ainda erguia-se insistindo para cuidar da família .Pudesse juntar a todos numa foto, tal como ilustrava uma gravura à sua paleta e a tintas simples... Todos os rostos lado a lado num abraço único.Os esperados ou já vindos e os que já tinham partido. Numa imagem explícitos para a memória ,
numa quebra da regra do lugar ,tempo e espaço.

Saudade, saudade
Por que fostes da minha vida
Ainda quando nem mesmo tinha começado a viver a minha
Fizestes as tardes agora serem mais vazias,
O sol mais forte ou os dias de chuva mais silenciosos ,
Sob o impacto da falta de companhia.
Na faculdade, no trabalho, em qualquer canto ou dia...
Mas agora ainda mais

Enganastes-me
Dizendo que só deixarias-me quando não mais estivesse sozinho.
Mas ainda sigo em tal procura
Uma parte de mim já tendo partido e a outra em busca ou espera
Mas jamais algo encontrando...
Enquanto esperei lá, naquele fatídico dia carregando seu ataúde.Esperando um abraço que me confortasse e como temi, ainda até hoje sinto falta deste abraço

E segues
Singra agora a Olam HaEmet. Ao mundo da verdade ,deixando sua pousada e aqui as lembranças.Seu rosto, seus retratos que o tempo insiste em quere apaga-los e esta dor. Tão forte que ainda assim me é a marca de que nunca a tenho esquecido mãe.

Hoje seria mais um dos teus dias.Seria o teu ‘conta anos’ como ironicamente dizias. E tarde fui perceber que a cada gota caída ,seria à ti uma gota a menos de vida.Em vão tentei mante-las em minhas mãos aparando-nas .Em vão, em vão .Tentei na segurar junto comigo, mas falhei ,escorreram ,gota a gota, por entre meus dedos, fugiram de mim tomadas pelo tempo ,enquanto deixaram só este peso ,esta falibilidade dos meus atos e ações. E assim guardar o que só posso dizer a mim mesmo porque não há com que dividir este sentimento, esta culpa este remorso, posto que,se soubesses que a cada ano que passava ,tu ,mais um pouco partias e deixava-nos a cada instante , muito mais teria sido um filho.

De São Fidélis para o descanso . Ao breu do silencio ,ao destino nas mãos daquele que a criou. Sepultas sua presença calando-se. A sensação deixada por dentre as alamedas e as tumbas velhas de cores decaídas. Agora ao pó. Nada senão apenas ossos .Do pó para ao pó retornastes para completar o ciclo, aqui, enquanto a alma prossegue na vontade do Criador do mundo, também em silencio, em silencio profundo quebrantado apenas por este desabafo.

“Caminhas,
Caminhas, agora apenas memória.
Agora em silencio pelas alas de cimento cru e sem vida.
Caminhas
Caminhas, quando no dia foi trazida .inerte,sob repouso
Para sobre o corcel do vento, prosseguir.
Em viagem ou destino
E guiar-se para as nuvens do silêncio.
Calando se ao mundo
Deixando par, filho e saudades.
Agora apenas memória
Apenas memória
Fotos apagadas, vozes as quais se ouve às vezes num canto
E nada mais
Nada além de passado
Para agora,
À procura nada mais encontrar
Por entre as paredes, corredores frios e esquecidos
Pelas alas semi-intocadas, esquecidas
Apenas visitadas pela poeira e chuva .
Junto ao ar ,o fagueiro transeunte aspergindo saudade,Saudade e lembranças dos que dormem sem nome

(...)

Saudade
Saudade
Enquanto deixastes a casa
E fostes embora
Precisávamos de ti .
Não queríamos deixa-la partir seguir embora
Mas fostes para sempre
Em silencio como o de agora...
Pedi ainda para que ficasse por mais um pouco
Mas como sempre ,algo além do meu inútil esforço
Fostes em um instante e sem deixar qualquer palavra
E agora
Estamos apenas a sós.
Em silencio
Eu, o pai e o irmão
.”
- ‘A’


E naquela espera ,olhando ao Oeste ,aonde estava o Anjo, senão distante ?


21 de fevereiro de 2007.

18 feb 2007

Do G7 ao G-13 na Alemanha. Um caminho que não seja a porta dos fundos!

(acima :Davi X Golias)

Vidas Marranas -visando um caminho alternativo que não seja a porta dos fundos.


“O essencial não é o que foi feito do homem, mas o que ele faz daquilo que fizeram dele”
-Jean Paul Sartre



Do G-7 ao G-13 -O que poderíamos entender sobre o encontro do G7 realizado na Alemanha - Armando A.



Frente a rodada de cúpula entre os paises mais ricos e industrializados do planeta, numa reunião que abarcava mais de 2/3 da economia mundial, aconteceram protestos de vários grupos de ativistas e entidades não governamentais como crítica aos mesmos,os mais ricos, pela desigualdade existente no planeta bem como a desproporcionalidade de acessos as benesses deste pseudo desenvolvimento aclamado .Enquanto como negociantes esperava se soluções frente a ameaças de crises e claro a disputas por melhor espaço e hegemonia econômica mundial dos blocos, ficou também clara ,pelas criticas de que a solução não é uma economia globalizada por que eu não se globaliza a riqueza ,mas as diferenças .E estas acabam por se tornar desigualdades se dispormos dos exemplos de discrepâncias existentes na esfera planetária.Cabe frisar que tal encontro se dá semanas após a realização do Fórum Mundial Social ,realizado este ano de 2007 em Nairobi, Quênia,África[1].





Participaram os países emergentes desta reunião como a Rússia, China, Brasil, Índia, México e África do Sul. Com esses países, o tema central será a retomada da Rodada de Doha e maneiras de proteger os mercados financeiros destas economias ‘emergentes’.A integração de paises emergentes ao seleto grupo das nações mais ricas do mundo tem como objetivo uma preocupação futura:a disputa pela hegemonia mundial entre dois blocos :Os EUA e a UE bem como através de acordos, atrair estes países para sempre maior campo de negociações e vínculos comerciais no que se estendem desde a uma rede de créditos e juros negociáveis, ora ,a clara estratégia de aos mesmos ter tal estreito vinculo de modo a pesarem na balança a favor da Europa,isto em medidas de mercado internacional em que o euro teria sua unidade reforçada ,rumo cada vez mais a ganhar espaço como moeda internacional .Ao discutir o ingresso de novos participantes, os ‘emergentes’, sem sombra de dúvida, como parceiros,e também países que possuem economias grassadas por um desenvolvimento, sim,mas atrelado a uma cadeia de dependências do capital especulativo,mas que possuem características econômicas interessantes e indispensáveis ao mercado europeu.





Como emergentes neste países há sobretudo a existência ou aparecimento , com no caso da Índia e China, de uma classe média com alto poder de compra /consumo para a tecnologia de ponta a ser exportada,sobretudo, pelos europeus,cita-se Alemanha,França e Inglaterra. No mais um mercado consumidor invejável pelo seu porte de produtos,bens de consumo e noutros casos,celeiros de produção de gêneros agrícolas.Neste ultimo exemplo podemos pensar isto como indispensável ao crescimento europeu ,haja vista que a própria Europa ocidental olha para a Europa do leste com os olhos de quem necessita de grãos, água, gás , minerais,... Na ponta , os “emergentes” Brasil, México e África do Sul.Cabe ainda acrescentar que também como medida para o campo das negociações ,é mister ter mão de controle do crescimento voraz da China[1].É preciso observar o dragão, tirar proveito do crescimento desde, tal como com a chegada de cada vez mais multinacionais na China ,de tecnologia de ponta no caso com a dos veículos, controlar o excesso de mercadorias chinesas de pequenos custos e preços, algo que a medida que a China reivindique sua inserção ao grupo, passe pela sabatina e crivo da OMC , a organização mundial do comercio...





Quanto à política monetária, a reunião do G7 apóia plenamente o reinício das negociações da rodada de Doha para a liberalização do comércio internacional, em um comunicado divulgado ao fim da reunião de ministros das Finanças mas condenou as oscilações eque sucedem –se nas economias emergentes, com crescentes superávits,quando discute-se a razão de o câmbio ter de mover dentro de limites que ainda permitam as adaptações necessárias, numa estabilidade.As negociações da rodada de Doha foram suspensas em julho do ano passado. No final de janeiro, os países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) . A tese é de que a liberalização do comércio no mundo melhorará o crescimento mundial e contribuirá para reduzir a pobreza, destaca o comunicado do G-7(tese contestada por ativistas de oposição e claro a própria proposta do FSM).



Os países mais industrializados do planeta se comprometeram ainda a facilitar uma ajuda ao comércio para que os países em desenvolvimento se beneficiem plenamente desta abertura, segundo o texto.Também pediram mais cooperação para reforçar os direitos de propriedade intelectual e combater a falsificação, fatores cruciais para a ‘economia do conhecimento’. Anos cabe a observação de que este sistema em que se atrelam os países emergentes, de forma dependente somente aguça a concentração de renda do ponto de vista regional do ponto de vista social. A riqueza que é gerada não se irradia sobre o país inteiro nem sobre a sociedade inteira ate por que as teias de negociações quando assim entre sistemas privados fogem da mão do Estado para que se possa melhor redistribuir as divisas criadas





Então o que observamos e tal como já podemos exemplificar dentro do quadro acima citado é que sojeiros,a industria do agronegócio, dentre outros exportadores de ‘comodities plausíveis’ ao mercado internacional e multinacionais que aqui produzem (ou como cabe dar um exemplo claro, a V.R.Doce ) extraem e exportam ,e assim se beneficiam destes acordos.Obvio,isto propulsiona a nossa economia: Frigoríficos, têxteis, peças de veículos, calçados, ...Mas ainda assim a riqueza consolida novos desníveis existentes ,aprofunda -os, sistematiza ainda mais os privilegiados onde apenas os estratos mais altos da pirâmide social são os que recolhem as benesses desta produtividade e negociação. Tal como frisava Celso Furtado, certo que no contexto dos anos 60-70,mas aqui repito, a América Latina, o Brasil ,tem de criar alternativas singulares a sua conjuntura. Negociar com os EUA e Europa ,sim, todos desejam, mas jamais abaixar a cabeça ,por que na condição de economias com setores estrategicamente sob o interesses destes,tem-se de saber negociar, romper monopólios, protecionismos de mercado tanto europeu quanto norte- americano .E não se pode repetir e aplicar um quadro de fora aqui dentro.Pois este sistema do ponto de vista humanitário e solidário,o é falido. E volto a análise furtadiana, a de que mesmo nos países em que mais avançava o processo de acumulação, parte da população não alcançava o nível de renda real necessária para satisfazer o que se considera como sendo necessidades elementares, e a estes ‘emergentes’ o risco da desigualdade se ampliar junto a um crescimento incompatível e que pretende assemelhar se ao ritmo das potencias capitalistas do norte.






[1] Evento anualmente realizado desde 2001 com o intuito de promover a discussão a despeito da produção de riquezas e a reprodução social ,o acesso às riquezas e a sustentabilidade,via a mobilização da sociedade civil numa proposta de estabelecer uma Carta de Princípios de maneira a garantir o Forum Social Mundial como um espaço e processo permanente de busca de construção de alternativas em âmbito mundial. Para tornar possível a articulação do processo ,em nível internacional ,dentro da concepção do FSM se constituir como um espaço democrático e aberto de encontro que favoreça a construção de um movimento internacional aglutinador de alternativas ao pensamento único neoliberal.





[2] Em pouco tempo, a China deverá tomar o lugar da Alemanha como maior nação exportadora do mundo. Cerca de 60% dos lucros, porém, não ficam nas mãos dos chineses, mas de estrangeiros. Por exemplo: quando um grupo como a alemã BASF tem uma unidade em funcionamento na China e esta vende produtos para outros países da Ásia, as exportações são consideradas chinesas. Ou seja, 60% do número de exportações do país têm bases estrangeiras, tendo sido produzidas em fábricas fora do país ou criadas através de joint ventures de estrangeiros com chineses. Os lucros obtidos com as exportações, diga-se de passagem, também nem sempre surtem efeitos no mercado interno – vide os sucessos das exportações alemãs e as altas taxas de desemprego no país. Com relação aos chineses, a situação é semelhante: eles gozam de poucas vantagens imediatas com os altos índices de exportação do país. Um aspecto que não pode ser ignorado, contudo, é que a China domina algumas áreas do comércio internacional, como o setor de têxteis e eletrônicos, mas está bem atrás no número de exportações de máquinas, produtos químicos e indústria automobilística. Nestes setores, os progressos ainda não são altos o suficiente para que a China possa se sobressair na concorrência internacional.

14 feb 2007

A Educação desalojada no Rio de Janeiro.Um absurdo na vida real!

http://vidasmarranas.blogspot.com/

Educação desalojada no Rio de Janeiro!!!



Imagens de manifestação realizada no lgo da Taquara

Prof Robson e Oswaldo em ação






Manifestaçao realizada na Gávea-Zona /sul

Educação é desalojada na capital Carioca.Os 'sem lugar e teto' de uma rede de solidariedade voltada para a inclusão ,reivindicam!!!


O “Vida Marranas” não pode se ausentar também nesta questão. ‘Sem tetos da educação’ clamam por lugar, lugar este legitimo dentro do uso do direito pela própria Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro- em seu artigo 324, inciso IV -o qual dá juz a reivindicação para o uso de dependências de escolas municipais para fins comunitários. E a rede de prés vestibulares comunitários nada mais são que a resposta em solidariedade e ativismo sem partidarismo frente ao sistema exclusor .O PVNC (Pré vestibular para negros e carentes) ao longo de mais de uma década e de existência ,possibilitou o acesso de milhares de jovens pobres e de origens marginalizadas à universidades públicas e de boa qualidade. E tal movimento não pode sucumbir perante um ditame da prefeitura do senhor prefeito ‘Imperador’ César Maia (PFL –RJ)

A atitude foi minimamente de péssima estratégia politica ou racista, friso,por parte da prefeitura para com jovens negros e brancos pobres da periferia do municipio.O Sr. César Maia desalojou, através de um decreto administrativo, cerca de 10 mil estudantes destes Prés vestibulares comunitários ,projeto que funciona há 12 anos nesta cidade e conta com mais de 120 núcleos que, através de aulas gratuitas, preparam alunos pobres oriundos da rede pública para o vestibular.

Com essa proibição, cerca de 12.000 jovens por ano ficarão sem essa única oportunidade de ingressarem no ensino superior. Será ele tão desinformado a ponto de não rever o seu erro e reavaliar o caso e suas alegações quanto a "gastos além da conta da energia elétrica, depredaçoes(...)"? (...)"? Uma péssima atitude politica e que dirá de principios vindo de alguém com tantos anos de vida pública ,quiçá ética por que vinda de alguém pretenso a disputas politicas além limites fluminenses.Como professor delineio um fato isolado foi ocorrido e ao contrário das alegações irrasciveis a presença destes Prés Vestibulares pelo contrário reforçam a segurança e zelo das escolas,uma vez que salas ociosas em fins de semana e a noite ganham presença via os interesses da comunidade ao redor.Será que então Sr César Maia não consegue perceber o quanto da importacia deste projeto em prol da inserção e democracia ao acesso ao ensino superior?

Os jovens excluídos de hoje , negros e brancos pobres , são o futuro da nossa sociedade. Esse projeto já tirou jovens da pobreza e da exclusão social e os colocou na universidade. Ele não pode parar. Ele não pode impedir o sonho de milhares! Unidos somos fortes. Precisamos pressionar o Prefeito. Precisamos fazer com que ele volte atrás.

Agora temos de refletir em conjunto sobre os próximos passos que daremos em relação a esta proibição da Prefeitura. O Prefeito manteve a sua posição de proibir o funcionamento dos pré-vestibulares comunitários nas escolas municipais. Em reunião com a assessoria da Secretaria Municipal de Educação,formalizou-se a proibição através da negação ao nosso pedido administrativo. Isso nos legitimou para entrar com uma representação no Ministério Público Estadual contra essa proibição (agora uma proibição formal, e não simplesmente uma circular).Em função retomaremos a nossa luta, pois graças a todas as movimentações realizadas tivemos uma aderência grande de outros movimentos sociais ligados a educação popular. Além disso, as nossas manifestações ajudarão bastante a atuação do Ministério Público Estadual.Continuam pisando no nosso jardim. Não podemos ficar calado frente a essa injustiça. Precisamos muito reforçar a importância do espaço público e a gravidade da decisão do Prefeito. Ela não afeta apenas aos Pré-Vestibulares, mas a toda a sociedade !!!

Cabe frisar que desde 22 de setembro, uma circular da Secretaria Municipal de Educação, enviada às Coordenadorias Regionais de Educação, comunicava oficialmente a interdição, que passará a vigorar em 2007. A medida – amparada em decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a partir de uma ação da prefeitura – torna inconstitucional a lei 3945/05. A legislação permitia a utilização de unidades da rede municipal de ensino por cursos pré-vestibulares comunitários.Desde então ao ser procurado por reportagens de um jornal carioca de grande circulação, Cesar Maia justificou a medida por “questões sanitárias e de segurança”. De acordo com o prefeito, em determinadas unidades “alunos fizeram necessidades no chão, sujaram o banheiro das crianças, fumaram maconha”.As acusações são graves e levianas. Sempre é possível que haja um problema pontual, mas não se trata de um movimento de porcos ou drogados. Sempre o Movimento dos PVNC’s tiveram boas relações com as direções das escolas.

Vale ressaltar que a decisão do Tribunal de Justiça não impede sumariamente que a prefeitura ceda as unidades do município aos pré-vestibulares. Apenas determina que não há obrigatoriedade desta cessão. Ceder ou não é uma prerrogativa da prefeitura. Mas o prefeito usou a decisão judicial e a transformou em decisão política. Existem motivações políticas dentro das próprias comunidades, vereadores que se sentem ameaçados. Já recebemos visitas de representantes políticos. Este é um trabalho muito importante para as comunidades. Não apenas por causa do vestibular, mas pelo caráter de cidadania. Portanto, não interessa a determinados políticos a formação de pessoas que 'pensam', e as razões alegadas por Cesar Maia não refletem a decisão judicial. Uma leitura rápida do despacho do juiz dá a entender que ele apenas apontou para a inconstitucionalidade de uma lei. Portanto, é preciso apresentar uma real justificativa aos cursinhos.Um precedente perigoso no sentido da falta de diálogo entre o poder municipal e movimentos de base.

Digo assim que a situação é crítica,mas ainda assim com esperanças.Todo movimento social necessita de mobilização.E acima de tudo de visualização frente a mídia.Passeatas já foram organizadas,veiculaçoes já mostradas.Ainda assim o Imperador,digo prefeito, César Maia ainda teima em não aceitar que sua jogada -e estratégia, para assim retroceder. Mas o que importa é que continuaremos! Em outras dependencias, mas seguiremos!Minha posição quanto ao Pré e as aulas é de abandonar a casa nunca, e como os demais dizem, eu os apoio.Acima de ser um curso comunitário,O Pré é um curso 'familia'.E onde lê-se o suor e sangue de tanta gente competente e mobilizada que passou por ali e que ainda lutam e que jamais abdicariam , determinados sempre, jamais retrocedendo, sempre segurando a bandeira por mais desigual que seja a luta.Mas a luta continua e acima de tudo não por eles apenas,mas pelos futuros alunos.

E nesta deixa uma dita rápida,mas contundente: o nosso governo propôs mudanças e já temo-nas feitas.Mas quanto ao acesso ao ensino superior e ao paliativo em voga devemos pensá-lo com coerência: Faculdades reprovadas pelo "provão"ainda estão aí, de portas abertas a alunos via PROUNI. Instituições até então quase falidas se recuperam graças a este fôlego do governo... Haja vista que nossa luta é por um verdadeiro espaço que é o de aluno na faculdade de boa qualidade,publica,friso.E não apenas'na que for possível chegar.Ou seja há um movimento tripartide de forças:pelo acesso ao ensino superior, melhoria do ensino superior gratuito e imprescindível melhoria do ensino de base afim de que num futuro,espero que próximo, paliativos não sejam tão necessários e determinantes para sanar as desigualdades sociais e étnicas que ,ainda,abundam nossa Nação.

Memória,Esquecimento e Ações no Presente


Memória ,Esquecimento e Ações no Presente

Em um momento contundente no qual a mídia enfatiza sobre direitos humanos no país e na esfera internacional, não poderia calar-me a um evento realizado a uma semana atrás em São Paulo - A cerimônia religiosa do Dia de Recordação das Vítimas do Holocausto A menção ao referido encontro firma-se a sobre uma dita frase expressa na Torah,o livro sagrado judaico:

“Recorda os dias do passado lembra os de geração em geração“- Devarim

Não poderemos aceitar a discussão, se foram seis milhões ou cinco milhões ou 999 judeus queforam massacrados. Ainda que tivesse sido apenas um judeu vítima do Shoá (Holocausto), nós não deveríamos estar rediscutindo a História. Temos que afirmar, em alto e bom som, que nunca mais haverá Holocausto na face do nosso planeta. O Holocausto ainda tão presente em nossa memória não pode ser esquecido tal como em nosso dia- dia não podemos emudecermo-nos perante as milhares de vitimas que morrem anônimas em massacres no Sudão,ou os outros milhares que morrem diariamente vítimas da fome,intolerância e exclusão seja América Latina ,na África,nos guetos presentes na Europa ou no continente asiático.

Cabe frisar que nesta cerimônia estiveram presentes mais de 1.000 pessoas dentre as quais a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ,sua esposa Marisa , José Serra, Jacques Wagner, Gilberto Kassab; o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Dom Geraldo Magela ; além dos embaixadores de Israel, Tzipora Rimon; dos EUA, Clifford Sobel, e da Áustria, Werner Brandstetter; do vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman; da assessora do presidente Lula, Clara Ant, e dos ex-ministros Claudia Costin e Celso Lafer.

Na sinagoga , Lula frisou: “Nunca poderemos aceitar a negação do Holocausto”.Ele recebeu também o “Livro de oração” e o “Pirkei Avot” (“Ética dos Pais”) das mãos de Dora Lucia Brenner e Abraham Goldstein, presidentes das duas entidades promotoras do evento, a CIP e B´nai B´rith do Brasil. Goldstein destacou a importância da educação no combate ao negacionismo: “Não acreditamos que um ensino de qualidade possa prescindir do conhecimento e dos valores da História, incluindo os ensinamentos do Holocausto. Assim, solicitamos que seja incluído no currículo do nosso programa básico de ensino a educação multidisciplinar sobre o Holocausto”. Lula prometeu levar a reivindicação ao ministro Fernando Haddad, da Educação:“No século XXI nós não podemos aceitar a negação do Holocausto como um fato histórico. Também não podemos aceitar aqueles que negam o massacre de seis milhões de judeus. Cada vez que prestamos homenagem às vitimas do Holocausto, nós fortalecemos as forças que irão prevenir que um horror igual possa se repetir”.
O rabino norte-americano Israel Singer, diretor do Congresso Judaico Mundial, elogiou a atuação de Lula contra o anti-semitismo e pediu que “ensine ao mundo o caminho para a liberdade”. Já o rabino Henry I. Sobel, presidente do Rabinato do CIP, destacou que a santidade da vida humana continua sendo tragicamente desprezada. “Os 62 anos desde a libertação de Auschwitz não diminuíram a necessidade de recordar. O racismo e a xenofobia não morreram, o genocídio e a purificação étnica aos grupos étnicos ainda ferem e envergonham a humanidade. O ódio religioso e a bestialidade do terror matam a sangue frio milhares de pessoas”. Nas palavras do próprio presidente fica tácita sua ênfase a luta contra a discriminação e racismo,não só abarcando a questão do anti-semitismo,mas acompanhado da nossa rica formação étnica, contra toda forma de discriminação étnica e social.

“É, realmente, uma honra participar desta solenidade na sede da Congregação Israelita Paulista, uma organização que existe há mais de 70 anos, que nasceu com o intuito de servir de refúgio e abrigo a milhares de judeus que buscaram no Brasil a paz que lhes foi tomada pelas perseguições em seus países de origem.Ao me pronunciar aqui, nesta sinagoga, não posso deixar de agradecer a Deus pela oportunidade que me deu de governar um país e um povo de profunda vocação democrática. Em sintonia com essa vocação, e na qualidade de presidente da República, tenho investido para aprimorar, cada vez mais, mecanismos que impeçam a proliferação da discriminação, da intolerância e do preconceito contra a comunidade judaica ou qualquer outra comunidade.
Nosso País tem boas leis. O racismo e o anti-semitismo são crimes inafiançáveis. Mas é claro que a lei não é suficiente para impedir o aparecimento de anti-semitas, racistas, intolerantes e preconceituosos. A lei nos dá, sim, a garantia de poder puni-los.Por isso, é fundamental a formação de um escudo de proteção contra esses crimes, formado pelas instituições, práticas e organizações democráticas da nossa sociedade. O governo vem se empenhando para fortalecer esse escudo. A sociedade tem que estar preparada para corrigir as eventuais falhas do nosso governo(...)A comunidade judaica, toda e qualquer comunidade, grupo étnico ou religioso, tem total garantia do nosso governo. Duas Secretarias Especiais, com status de Ministério, ligadas diretamente à Presidência da República, têm sua atuação principal voltada para a defesa dos direitos humanos e a promoção da igualdade racial. A primeira é a própria Secretaria Especial de Direitos Humanos, comandada pelo nosso companheiro Paulo Vannuchi(...)A segunda é a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, que conta, no seu Conselho, com a senhora Anita Schwartz, representante ativa da Conib, a Confederação Israelita Brasileira. Em resumo, todo o Brasil e todo o governo estão orientados a agir sem tréguas contra qualquer forma de discriminação e de intolerância.Reiterei isso, no primeiro dia deste ano, quando diversas representações da comunidade judaica estiveram em Brasília, prestigiando a minha posse.

Cabe frisar que as resoluções dos grandes problemas mundiais, como as persistentes desigualdades econômicas e financeiras entre as nações, o protecionismo comercial dos grandes, a fome e a inclusão dos deserdados, a preservação do meio ambiente, o desarmamento e o combate adequado ao terrorismo e à criminalidade internacional não evoluíram tanto quanto seria preciso, ou seja, a paz e a democracia ainda estão ameaçadas em muitas partes do mundo.Nesse sentido, foi muito importante que a ONU tenha instituído, a partir de 2006, o Dia Internacional de Recordação das Vítimas do Holocausto. Melhor ainda, foi a Assembléia Geral da ONU ter aprovado, na semana passada, a Resolução que condena, sem nenhuma reserva, qualquer negação ao Holocausto. Essa mesma Resolução pede que todos os Estados membros rejeitem, sem reservas, qualquer negação do Holocausto como fato histórico, seja no todo ou em parte, e que condene, também, qualquer atividade que tenha esse fim. O Brasil foi co-patrocinador dessa Resolução, aprovada por consenso com a presença de um número expressivo de países. Cada vez que rendemos homenagem às vítimas do Holocausto, estamos ampliando as forças para impedir que esses horrores se repitam. Aos que foram assassinados, aos que sobreviveram, aos que acolheram os sobreviventes, aos que sublevaram nos campos de concentração e aos que resistiram nos guetos, a todas as vítimas do fato. Esses heróis não lutavam por si próprios, mas para salvar a honra de um povo inteiro, para dar um exemplo de resistência à toda a Humanidade. E cada palavra de repúdio e de condenação a um anti-semitismo e à intolerância, cada esforço para se contrapor às ofensas e agressões, cada gesto de solidariedade em favor dos ofendidos, tudo isso constitui o elo mais forte que nos une às vítimas do Holocausto. No século XXI, nós não podemos aceitar a negação do Holocausto como fato histórico. Não podemos permitir que Holocaustos perpetuem à humanidade.

O que nós precisamos também discutir, no século XXI, é que, ainda que tivesse sido apenas um judeu vítima do Holocausto, nós não deveríamos estar rediscutindo a história. Mas deveríamos assumir o compromisso, enquanto cidadãos defensores dos direitos humanos, cidadãos defensores da democracia e cidadãos defensores da convivência democrática na adversidade, de dizer ao mundo, no século XXI, ao invés de discutir se houve ou não Holocausto no século XX, nós temos que afirmar, em alto e bom som, que nunca mais haverá Holocausto na face do nosso planeta. Cabe abrirmos os olhos para nosso redor e observar ainda que em nossa sociedade dita plural, a participação ainda não é igualitária a todos. Avanços estão sendo tomados via medidas de inserção,mas ainda assim a discriminação e privilégios abraçam a uns em detrimentos de outros. Isto num exemplo próprio de país miscigenado e com grande população afro descendente, mas o qual a exclusão social,mas sobretudo étnica, resiste, e uma vez mais, como cidadãos conscientes devemos estar atentos a não consolidação de sistemas que à tempos segregam e sectarizam os grupos.
.

6 feb 2007

Poema "Coração Marrano"


Coração Marrano

O sol, entre nuvens ilumina.
Mas seu brilho a penumbra esconde sua própria faceta.
E as horas seguem
E a dor não passa.

Sou o único que vê estes olhos vazios?
Se cego sou ao seu luar
surdo
E agora emudeço
Calado pelo silencio daquela

Dá me acolhida
Dá me acolhida
Pois agora fostes meu pedaço de céu ,ò Anjo
(meu Leste fez- se no Oeste.
A Cidade Dourada ,para sempre eterna em minha alma ,
mas em meu peito esta terra
que parecia livre sem fronteiras hesitantes)

Sol
Anjo
Estrela que apareceu
E uma vez deixando-me,
Se vai, para brilhar ainda mais de mim distante

Tal brilho
Não poderias vencer minhas nuvens tão densas?
(Calei- te acaso o riso?
Meu sem tempero logrou-te a paciência?
Sustei-te o desejo?)

Estrela fugídia...
Agora se fez efêmera
Para só deixar-me ao vazio, enquanto declino ao leito.

Por que tão poucas palavras?
E por que tinhas de responder logo a aquele?
Se bem sabes o que sei
E que assim ambos, procuram.

E eu estou fora...
Você deixou-me aqui
Atravessando as horas

Noites que me guiam ao vazio
Solidão que me tem alento,
Vinde a mim uma vez mais a aquecer o meu peito...


Não sou mais à ti necessário
Eu não quis acreditar
Mas por ser apenas comum
Por me revelar
Por dizer a verdade... Eu não podia te acreditado
Que assim senão fosses efêmera, me aceitarias

Ah,
Atravessando as horas desertas
Alma que insiste quando seu tempo já fora pedido

Eu não fui necessário
Apenas fui uma rota página em um casual momento
E nada além disto...

Agora você passa sem notar o meu nome
Com suas palavras apenas irônicas
Brincando assim, fingindo não perceber meus sentimentos...

Você passa
E por que a ele você não disfarça?
Eu sei...
Às escondidas
Como conversávamos
Agora deixou-me para trás
Não quis acreditar e sonhar
Nem mesmo esperou aí a minha presença

A tantos tem ignorado
Mas a ele por que segues?
Segues teu coração
é este teu rumo?
Inventando uma paixão para o cicatrizar um passado
Enquanto só um pouco podia ter sonhado
Só um pouco
e ter me esperado...

Ah, vida

Eu não sou mais necessário a sua presença
Alma ,alma
E Pergunto
Por que insisto?por que insisto?
(por que ainda esperanço?
Crendo no meu Anjo guia?)

Quando então deveria partir,
Apenas assim sem rumo
Ao nada sem mudar um seixo no mundo...

Você desculpou-se pela distância
Mas...
Você não é mais a mesma

Deste modo tão ríspido
Este riso lindo agora a mim flácido-frio
Você apenas quer ser gentil
Mas seu desdém rompe esta fingida ternura

Você não quis magoar
Mas
Também não quis enxergar
Nem mesmo dar uma chance
A mim, a quem você dizia ser o teu também anjo

Você não quis magoar
Mas não quis parar para sonhar
E acreditar que seríamos juntos felizes

Eu moveria o mundo
Mesmo sem asas
Até aos seus pés eu chegaria
Apenas este coração
Que agora aos pedaços se desmancha

Deixe-me ao vazio

Meus olhos voltaram ao nada
Você tomou-me a liberdade de minguar
O fôlego que você me deu
Prolongou-me a vida

E por isto
Sofrendo até ao pó voltar
E por que,
Por uma só vez que escutasses a mim
que assim morro a cada dia em sua espera

Eu já teria partido
Você que me fez insistir, mas...
Para que só para assim ficar?

Eu sonhei quando não poderia ter ilusões tido
Sou eu o ingênuo demais
Acreditando numa falsa esperança
Por que no fundo eu ainda queria uma vez mais tentar

Eu já teria partido
Você tomou-me a liberdade de minguar
O fôlego que você me deu
Prolongou-me a vida
Por um instante fazendo me acreditar
Que mesmo sem asas poderia
mover um mundo só para te alcançar...


O cancioneiro marrano tem em sua labuta o fardo de ser deveras peregrino
Procura um pouso, mas tem suas duvidas do quanto será bem recebido. E todavia seu olhar sempre a cada manhã e a cada noite se volta em uma só direção,lá onde sua alma se encontra s distante.

O lugar de sua esperança esta a Leste, na Terra Prometida, mas deveras inalcançável cabível apenas na esperança de um dia em HaOlan HaEmet, no mundo da verdade lá pousar. Então como todos os homens, almeja e pretende ser feliz ainda que nestes ermos. Mas encontra-se uma vez mais em seu dilema: sua condição é quase hibrida. Pertence ser estar pertencendo. E sua continuação depende de uma série de questões que só indagam no do quanto será mesmo isto possível. Tão logo, como assim seus passos, procura uma sombra , um aconchego que alivie sua alma. Ao coração procura dar alento para que não sucumba também a alma. E então do ocidente , com a alma no Leste, na Terra das primícias, ele pensa no Oeste remoto e que lhe parecia ser possível. Mas é difícil encontrar abrigo.

E assim ele divaga, em sua andança, peregrino de carne e espírito. Seus sentimentos também marcados pela psique de eterno andarilho, sem poder ter a sorte de encontrar acolhida “(...)Nos enganamos o tempo todo só para acreditarmos que podemos ser felizes.Mas a verdade se passa ,por onde quer ocultar-se aos nossos olhos,mas ainda assim , é possível percebe-la.E tão fácil deduzir ,mas difícil compreender, que sentimentos jamais serão recíprocos. A saudade não é a mesma. O riso,a fala , o desejo expressos num olhar levam a crer que o que se quis não é o que se pode alcançar.

As necessidades não são as mesmas. E Nem toda palavra é verdadeira. O foi um dia talvez por um casuísmo,por uma circunstancia que tornei, possibilitado por algum tempo,em um nome, pois ainda a pouco sequer mais rosto tive lembrado.Sequer utilidade em mim foi confiada e assim da Terra do Sol, o Oeste, vem me a Aurora,mas a luz que guia- me também leva-me ao desatino constante(...) ”.

Minha Jerusalém está ao Leste sempre onde paira meu espírito.E o peito ao Oeste donde nascera um brilho,mas que agora finda-se para vigorar apenas o meu Ocaso.

5 feb 2007


Pequeno conto sem entremeios


"(...)Escutava-se um sonido semelhante ao de um relógio,mas era penas o peito
Naquela profundeza sombria, o espaço limitado ,mas ainda assim vazio, zombava o ritmo tal como o trecho inicial da canção do grupo oitentista inglês Pink Floyd , “Time” .Mas não era Roger Walters junto a vocal.E o inicio como o repetitivo cimbalo de um despertador em contagem quase infinita não prescreviam uma música. Enquanto o silencio progredia , fazia no somente escutar a si mesmo,seu som vindo , dei si e para si.Insone,esquecido e sem mesmo perceber que estava vivo.

Tempo quando tudo se quer é um lapso, pede-se apenas que a vida seguisse paralela ao tempo do mundo e que assim obtivesse um pouco de sobra para ajuntar-se.Tempo, indomável em seu pedido, seguindo exigindo a cada dia sua obra ,seu labor ,enquanto o sistema cíclico continua.


Tuc tuc tuc tuc tuc tuc tuc
Sem os “Trrammm” das guitarras que seguiam na canção junto a um orquestra de despertadores. Apenas os ‘Tuc tuc tuc tuc tuc” e sem sintetizadores ou teclados.Ainda dormitava.De olhos abertos, vergonhoso de abri-los e ver a sua vida e o rumo.Apenas seu vazio e som interior. Batidas repetidas e com força ameaçadas por um espasmos rescindido, sóbrio como o indivíduo, mas que ameaçava-no em meio a arritmia de descompassos naquele ritmo frêmito e inconstante.Sonoplastia virulenta a cada passo dos dias, tardes e noites, sempre peregrino nas suas andanças por sonhos e devaneios, que ao seu olhar agora nada faziam lhe sentido.No que singrar se a corrente não havia, senão o mesmo mar.Senão singrar ao acaso, ao vazio,sem a tanta esperança e tamanha divagação que agora enveredavam-no a responder a si mesmo sobre o quanto estivera a andar , a andar e enganando a si mesmo. Cabia responder a si com as palavras que não queria ouvi-las, mas...a ele não era possível ser feliz tal como a alguns dias pensou que poderia ter sido e assim lhe confiado a vida

Tuc tuc tuc tuc
Cada batida mais lenta e por assim com o eco ainda mais forte...
Enquanto as horas prosseguiam. O Dia seguinte seria apenas mais um dia
Se o dia chegasse, e não tinha o porquê da pressa mais nisto, pois as horas como infindáveis outras se repetiam, num constância comum e meramente soturna

Noite-dia-noite

Tuc tuc tuc tuc
Exílio a horas .Exíguo de si, cansado de abrir os olhos e deparar se com a própria mesmice.Não cabia culpar os dias, e sim ao seu cotidiano, a sua tarefa de denodo e falta de responsabilidades frente a falta de visão quanto as coisas do mundo.

Era um inexpert para a natureza humana.E assim tolhido ao seu canto,com os olhos cerrados , ora , esperançosamente abertos esperando um elixir, uma luz, um brilho.

Aquele sol.
Aquela tarde que subia.
Só alentava no de lembranças
Alento falso e desmedido
Que o guiava junto à dor no peito e a sentir se ainda menor.
Queria por que queria,mas queres não era alcançar.Não podia. Era a impossibilidade de seu eu platônico e nada dionisíaco. O ser distinto do obter, pois a sua vontade imbuia uma vontade fora de si, mas pautada no querer de outro.

E afinal, era apenas mais um dia.Como tinham sido meramente dias todos aqueles da semana que passara.Tivera um grande decisão para aquele domingo.E ficara olhando o tempo passar impassível. Ou passível às circunstâncias.

A mesma dor, a mesma espera a mesma agonia.
Olhando pelo vidro empoeirado, a luz que causava lhe agonia.

Horas e horas a fio.

E a que espera?


Horas e horas.Insone, em torpor.
E não pudera erguer-se, o mal estar prosseguia e derrubava-o ao leito.Nem mesmo motivos existiam para insistir.Estivera esquecido.Esquecido na estafa da semana que então o arrebatava.Incólume seguira em silêncio e agora o corpo urgia ,cedendo a aquela dor,a também saudade tão sufocante.Enquanto que em prece silenciosa apenas com os olhos, sem poder dizer palavra alguma, ansioso ,creditava forças nalgum pequeno milagre.

Triiiim,
Triiim,...
Era o inicio da tardinha.

As horas escorrendo das mãos e perdera mais uma outra etapa decisiva do circuito competitivo da vida. Era mais um domingo, um inicio, apos o dia do descanso, mas o que ousara fazer senão a resignar-se, de olhos agora baixos e sem quase esperanças? O que fizera senão a ter motivos e colhe-los, saber de que cabia senão a responder todas suas expectativas e sonhos?E a resposta cada vez mais obvia,declarada...As horas, a dor, a vida esquecida ali ao seu retrato...

Triiim.

E por alguma razão interna salientou -se em si novamente a crença. A certeza, de que era sua conexão direta. Uma voz direta, uma intermediação de um Anjo.Pedira ao céu. E naquele instante, tamanha era a certeza de que instantaneamente ao lado do leito,após uma longa espera agora rompera o receio.Não erraria , pois era um Anjo a aliviar-lhe o espírito.

Revivera.
O peito que arfava difícil em meio a arritmia permitiu lhe largo riso. Batendo tão forte, mas com vigor,assumindo um pulsar maior que o da dor que sentira. A vontade vinha para erguer-lhe, para sonhar e transpassar a inércia em que estava no leito.Era o corte abrupto, o feedback ,naquele instante através de frágil link. Ali sobre o leito em meio ao vazio afundado em cubículo soturno e ao mofo do meio,...

E antes de seguir o clarão ... D - us, desejava voar naquele instante, pois como peregrino ,por um dia, obtivera alento. Da sede fora saciado. Da fome abastado. Podia seguir romper com seu passo ainda vagaroso, rumo a um sonho. Sim, pois ele não poderia ainda responder aos próprios sonhos. E determiná-los pois seus passos não eram de todo já previsíveis. Ao menos naquele dia um anjo do céu para ele olhara. Virou-se então para uma vez mais enxergar o brilho da luz que pela janela penumbrava o espaço. Erguera-se. Escutara parte do que necessitava,mas acima disto fora energizado, com um lindo sorriso que de tão longe quebrantava o marasmo, a arritmia, e a ponto de transbordar de contentamento apto a superar a dor que marcava aquele peito macilento.

Olhou o brilho pela janela. Revirou-se e olhou a vida. O anjo estivera ali, através de um telefone. Vida. A dor voltaria? Outras vezes como sempre viria -lhe,mas diferente de outras sem qualquer alternativa de alentos e senão a contar apenas consigo e sempre sóbrio ocultando sua raiva e vergonha, agora... Poderia ser diferente? Aquele mal atenuado por asas a aliviá-lo? Uma voz doce a enternecê-lo e sopra-lo com vigor e animo? Merecia isto? De todo modo tinha de uma vez mais prosseguir. A vida chamava-o a isto. A bagunça refestelava-se por toda parte. A vida abandonada tal como o espaço ao redor. Olhou-se no espelho. Naquele instante já parecera comum ,um pouco casual,simples, como tantos, mais um dentre milhares. O Anjo socorrera-o tirando no da ânsia, da dor e saudade. O peito agora batia e a dor apenas miúda a dor ainda latente,mas não o suficiente para levá-lo a chafurdar-se ao leito junto as incertezas e desanimo. Estava ali, junto com todos os problemas, mas naquele momento o que o inspirava era a esperança. "

A.Aguiar em Fev/2007



“Só de amor –de nada eu sei .
Destruam todo o resto que cantei!
Pois mentira foi, se não foi amor
(...)
Se tu,homem, a ser bom te decidires,
O curso da vida mudarás
Fabula teu sofrimento apenas era,
Dá teu coração –
A ti se darão esferas “

Max Brod(1884-1968)

Tu B'Shevat- O Ano Novo Judaico das Árvores




Não poderia deixar passar em branco esta data. Em meio a noticias e informes de constantes desmatamentos e processos de exploração predatória que acirraram-se nos últimos 150 anos junto às agressoes irrasciveis ao meio ambiente, algo visivel e salientado mesmo por ativistas e politicos conscientes da importância do meio ambiente e da imprescindibildaide desta para a sobrevivência da espécie humana, neste último sábado, Shabath, comemorou-se o Ano Novo das Árvores, Tu B'Shevat , em 14 de Shevat- importante data dentro da tradição judaica em que celebra-se a estação ,seguindo o calendario de soltiscio em Israel, na qual os primeiros brotos das árvores na Terra Santa emergem de seu sono invernal,e começam um novo ciclo de produção frutífera. E tal como deste o Renascimento Nacional,bosques tem sido plantados. Desertos se verdejando, cumprindo a mitzvot , lei, em que 'Não deve -se destruir árvores, senão plantá-las.'


Vide que na tradiçao judaica celebra-se o dia de Tu B'Shvat comendo frutas,especialmente "Os Sete Tipos"que são destacados na Torá em seu louvor à fartura da Terra Santa: trigo,cevada,uvas,figos,romãs,azeitonas e tâmaras.


Neste dia,lembramos que o "Homem é uma árvore do campo"-como está escrito no Devarim(Deuteronomio) 20:19, refletimos sobre as lições que podemos extrair de nossa análoga botânica. Somos árvores, vivendo duas vidas de uma só vez. Uma vida irrompendo do solo para este mundo. Onde, com toda nossa força, lutamos para nos elevar acima dele, aproveitar o sol e o orvalho, desesperados para não sermos arrancados pela fúria das tempestades, ou consumidos pelo incêndio.E há nossas raízes, profundas sob o solo, inabaláveis e serenas. Elas são nossos antigos ancestrais.


E nisto tudo está o dever nosso, como seres conscientes da nossa responsabilidade e conseqüências de atos, em cuidar e zelar pelo o que o Criador nos permitiu. A natureza serve a D-us através de nós. Portanto devemos dela extrair o necessário e garantir assim não somete a nossa existência, mas a variedade das próprias espécies e dos animais que destas necessitam para alimento e abrigo .E Sabemos que uma árvore brota a partir de uma semente; cresce,atinge a maturidade,dá frutos,e de suas sementes outras árvores crescem, frutificam-se, etc.Assim também é o ciclo da vida humana.


"Torá nos instrui a ser sensível a todas as coisas que nos rodeiam, incluindo as árvores.
é sensato defender florestas virgens, manter a natureza intocada como o Éden, condenar as empresas como cruéis e capitalistas, e sonhar com um mundo todo reciclado, sem desperdício. A Torá afirma que não devemos desperdiçar, nem ser destrutivos.E deve existirum ponto de equilíbrio que deve ser alcançado pelo homem. Usar e não desperdiçar*.

Shalom!!!



* A Torá é vida! E condena não apenas o desperdicio e o uso desmedido, mas por exemplo , como forma de zelar pela 'integridade ' de cada ser, no caso das árvores,das plantas, proibe-se o enxerto de Árvores.A mitsvá(mandamento) negativa nº 216 expande nosso relacionamento com as árvores. Esta proíbe enxertar árvores, plantando juntas as sementes de duas espécies diferentes, ou colocando suas raízes uma por cima da outra para que se fundam e produzam um híbrido, um terceiro tipo de árvore.Que colhamos bons frutos ,mas sobretudo que plantemos novas sementes e vigiemos os brotos que estão vingando.