"(...)Escutava-se um sonido semelhante ao de um relógio,mas era penas o peito
Naquela profundeza sombria, o espaço limitado ,mas ainda assim vazio, zombava o ritmo tal como o trecho inicial da canção do grupo oitentista inglês Pink Floyd , “Time” .Mas não era Roger Walters junto a vocal.E o inicio como o repetitivo cimbalo de um despertador em contagem quase infinita não prescreviam uma música. Enquanto o silencio progredia , fazia no somente escutar a si mesmo,seu som vindo , dei si e para si.Insone,esquecido e sem mesmo perceber que estava vivo.
Tempo quando tudo se quer é um lapso, pede-se apenas que a vida seguisse paralela ao tempo do mundo e que assim obtivesse um pouco de sobra para ajuntar-se.Tempo, indomável em seu pedido, seguindo exigindo a cada dia sua obra ,seu labor ,enquanto o sistema cíclico continua.
Tuc tuc tuc tuc tuc tuc tuc
Sem os “Trrammm” das guitarras que seguiam na canção junto a um orquestra de despertadores. Apenas os ‘Tuc tuc tuc tuc tuc” e sem sintetizadores ou teclados.Ainda dormitava.De olhos abertos, vergonhoso de abri-los e ver a sua vida e o rumo.Apenas seu vazio e som interior. Batidas repetidas e com força ameaçadas por um espasmos rescindido, sóbrio como o indivíduo, mas que ameaçava-no em meio a arritmia de descompassos naquele ritmo frêmito e inconstante.Sonoplastia virulenta a cada passo dos dias, tardes e noites, sempre peregrino nas suas andanças por sonhos e devaneios, que ao seu olhar agora nada faziam lhe sentido.No que singrar se a corrente não havia, senão o mesmo mar.Senão singrar ao acaso, ao vazio,sem a tanta esperança e tamanha divagação que agora enveredavam-no a responder a si mesmo sobre o quanto estivera a andar , a andar e enganando a si mesmo. Cabia responder a si com as palavras que não queria ouvi-las, mas...a ele não era possível ser feliz tal como a alguns dias pensou que poderia ter sido e assim lhe confiado a vida
Tuc tuc tuc tuc
Cada batida mais lenta e por assim com o eco ainda mais forte...
Enquanto as horas prosseguiam. O Dia seguinte seria apenas mais um dia
Se o dia chegasse, e não tinha o porquê da pressa mais nisto, pois as horas como infindáveis outras se repetiam, num constância comum e meramente soturna
Noite-dia-noite
Tuc tuc tuc tuc
Exílio a horas .Exíguo de si, cansado de abrir os olhos e deparar se com a própria mesmice.Não cabia culpar os dias, e sim ao seu cotidiano, a sua tarefa de denodo e falta de responsabilidades frente a falta de visão quanto as coisas do mundo.
Era um inexpert para a natureza humana.E assim tolhido ao seu canto,com os olhos cerrados , ora , esperançosamente abertos esperando um elixir, uma luz, um brilho.
Aquele sol.
Aquela tarde que subia.
Só alentava no de lembranças
Alento falso e desmedido
Que o guiava junto à dor no peito e a sentir se ainda menor.
Queria por que queria,mas queres não era alcançar.Não podia. Era a impossibilidade de seu eu platônico e nada dionisíaco. O ser distinto do obter, pois a sua vontade imbuia uma vontade fora de si, mas pautada no querer de outro.
E afinal, era apenas mais um dia.Como tinham sido meramente dias todos aqueles da semana que passara.Tivera um grande decisão para aquele domingo.E ficara olhando o tempo passar impassível. Ou passível às circunstâncias.
A mesma dor, a mesma espera a mesma agonia.
Olhando pelo vidro empoeirado, a luz que causava lhe agonia.
Horas e horas a fio.
E a que espera?
Horas e horas.Insone, em torpor.
E não pudera erguer-se, o mal estar prosseguia e derrubava-o ao leito.Nem mesmo motivos existiam para insistir.Estivera esquecido.Esquecido na estafa da semana que então o arrebatava.Incólume seguira em silêncio e agora o corpo urgia ,cedendo a aquela dor,a também saudade tão sufocante.Enquanto que em prece silenciosa apenas com os olhos, sem poder dizer palavra alguma, ansioso ,creditava forças nalgum pequeno milagre.
Triiiim,
Triiim,...
Era o inicio da tardinha.
As horas escorrendo das mãos e perdera mais uma outra etapa decisiva do circuito competitivo da vida. Era mais um domingo, um inicio, apos o dia do descanso, mas o que ousara fazer senão a resignar-se, de olhos agora baixos e sem quase esperanças? O que fizera senão a ter motivos e colhe-los, saber de que cabia senão a responder todas suas expectativas e sonhos?E a resposta cada vez mais obvia,declarada...As horas, a dor, a vida esquecida ali ao seu retrato...
Triiim.
E por alguma razão interna salientou -se em si novamente a crença. A certeza, de que era sua conexão direta. Uma voz direta, uma intermediação de um Anjo.Pedira ao céu. E naquele instante, tamanha era a certeza de que instantaneamente ao lado do leito,após uma longa espera agora rompera o receio.Não erraria , pois era um Anjo a aliviar-lhe o espírito.
Revivera.
O peito que arfava difícil em meio a arritmia permitiu lhe largo riso. Batendo tão forte, mas com vigor,assumindo um pulsar maior que o da dor que sentira. A vontade vinha para erguer-lhe, para sonhar e transpassar a inércia em que estava no leito.Era o corte abrupto, o feedback ,naquele instante através de frágil link. Ali sobre o leito em meio ao vazio afundado em cubículo soturno e ao mofo do meio,...
E antes de seguir o clarão ... D - us, desejava voar naquele instante, pois como peregrino ,por um dia, obtivera alento. Da sede fora saciado. Da fome abastado. Podia seguir romper com seu passo ainda vagaroso, rumo a um sonho. Sim, pois ele não poderia ainda responder aos próprios sonhos. E determiná-los pois seus passos não eram de todo já previsíveis. Ao menos naquele dia um anjo do céu para ele olhara. Virou-se então para uma vez mais enxergar o brilho da luz que pela janela penumbrava o espaço. Erguera-se. Escutara parte do que necessitava,mas acima disto fora energizado, com um lindo sorriso que de tão longe quebrantava o marasmo, a arritmia, e a ponto de transbordar de contentamento apto a superar a dor que marcava aquele peito macilento.
Olhou o brilho pela janela. Revirou-se e olhou a vida. O anjo estivera ali, através de um telefone. Vida. A dor voltaria? Outras vezes como sempre viria -lhe,mas diferente de outras sem qualquer alternativa de alentos e senão a contar apenas consigo e sempre sóbrio ocultando sua raiva e vergonha, agora... Poderia ser diferente? Aquele mal atenuado por asas a aliviá-lo? Uma voz doce a enternecê-lo e sopra-lo com vigor e animo? Merecia isto? De todo modo tinha de uma vez mais prosseguir. A vida chamava-o a isto. A bagunça refestelava-se por toda parte. A vida abandonada tal como o espaço ao redor. Olhou-se no espelho. Naquele instante já parecera comum ,um pouco casual,simples, como tantos, mais um dentre milhares. O Anjo socorrera-o tirando no da ânsia, da dor e saudade. O peito agora batia e a dor apenas miúda a dor ainda latente,mas não o suficiente para levá-lo a chafurdar-se ao leito junto as incertezas e desanimo. Estava ali, junto com todos os problemas, mas naquele momento o que o inspirava era a esperança. "
“Só de amor –de nada eu sei .
Destruam todo o resto que cantei!
Pois mentira foi, se não foi amor
(...)
Se tu,homem, a ser bom te decidires,
O curso da vida mudarás
Fabula teu sofrimento apenas era,
Dá teu coração –
A ti se darão esferas “
Max Brod(1884-1968)
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