*nota oficial da ASA (Instituiçao judaica que se define-se como laica e democrática, elegendo a raiz cultural como o elemento primordial de sua identidade judaica)recebida antes do ultimo shabath.Estou postando aqui quando possivelmente não seja mais novidade
-Contra a ilusão militarista (ASA)
A operação de guerra de Israel contra a Faixa de Gaza realimenta a espiral de violência no Oriente Médio. São centenas de mortos e feridos palestinos, muitos não-combatentes, atingidos por armamento de última geração. A resposta do Hamas, com mísseis artesanais, matou e feriu israelenses, causando pequenos danos materiais.
Desde a retirada de Israel da Faixa de Gaza, em 2005, a área vem sendo submetida a uma asfixia quase permanente. Israel controla as fronteiras terrestre, marítima e aérea. Os palestinos dependem integralmente do fornecimento de água, eletricidade e combustíveis israelenses (que determinam, também, os preços destes insumos). A movimentação de pessoas e mercadorias é severamente restringida, afetando duramente a economia local. O resultado é o crescimento da pobreza, do desemprego, da desesperança, da radicalização. Gaza é um dos lugares com maior densidade populacional do planeta, tornando impossível um bombardeio “cirúrgico”, ou seja, que atinja apenas alvos militares.
Até recentemente, vigorou um cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas (prova de que existe uma interlocução possível, desde que haja vontade política). Seu fim trouxe de volta os mísseis Qassam sobre o sul de Israel. Todos os países têm o direito e a obrigação de defender seus cidadãos. A pergunta que se faz é: a destruição maciça de vidas e bens palestinos protegerá os cidadãos de Israel ? A História mostra que não.
O apoio ao Hamas só tem aumentado com as ações militares israelenses. Cada vez que um prédio, uma rua, um carro, é bombardeado em Gaza, a popularidade dos setores mais intransigentes do grupo se reforça. É uma ilusão perigosa imaginar que, quanto mais se espancarem os palestinos, mais dóceis eles ficarão. Conforme destacou o historiador Tom Segev, jamais uma operação militar terminou em progresso na direção da paz com os palestinos. Por trás de tudo, uma equação sinistra: mais descrédito para o diálogo é igual a mais oxigênio para as bombas.
Na presente situação, defendemos as mesmas posições tornadas públicas inúmeras vezes:
* Não há solução militar para os conflitos entre israelenses e palestinos.
* O terrorismo de grupos ou estados é igualmente execrável. As leis internacionais condenam com clareza ataques contra alvos civis.
* A criação de um Estado palestino laico e democrático, com fronteiras internacionalmente reconhecidas e com todos os direitos e deveres dos Estados modernos, que viva em paz ao lado de Israel, é o caminho possível para dissolver as tensões no Oriente Médio.
O momento exige um imediato cessar-fogo em Gaza, o fim do lançamento de mísseis contra Israel, o reinício emergencial da ajuda humanitária para os palestinos e a construção de mecanismos multilaterais de negociação. Sem isso, a iniciativa continuará com os que apostam tudo na força das armas.
Diretoria da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação
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