10 ago 2007

"Aforismos"



I-
“Nada além de uma palavra.Nada além de uma prece.Nada além de um movimento de alma.Nada além de uma prova de que ainda se vive e se espera.

Não,prece,não.Nada além deu um sopro.Nem sopro,nada além de uma disposição.Nem disposição,nada além de um pensamento.Nem pensamento .Nada além de um tranqüilo sono!

Noite de insônia .Já a terceira de uma série .Durmo sem esforço,mas,ao cabo de uma hora,desperto com a impressão de ter enfiado a cabeça num buraco medonho.Vejo –me completamente acordado,como se não tivesse nada dormido:o trabalho de adormecer irá começar ,visto que o sono se me recusa...

E ouso então ouvir as asas de um Anjo.E anunciada a madorna, vem o alento, ainda que não como o desejado, ainda tem se um pouco de tempo, e sob o toque tão terno adormece-se ainda conseguindo o respiro

Desse momento em diante,pelo resto do fim da noite até aí por volta das cinco horas ,toda vez que pego no sono ,agitados pesadelos me trazem de volta á vigília.A bem dizer,durmo ao lado de mim,em luta com os próprios sonhos.”

II-
. "(...)A distância por vezes é boa.
Pois na outra margem há a alegria que mais o sublima.
e ao deparar-se com o abismo,mais este se impõe e se infinita.
(...)
E vê-se como que frente a um espelho,para que assim o individuo encontre a certeza,a única, de não poder incitar-se a alçar vôo e transpor o abismo.Mas,sim,devesse então dar um só grande salto no escuro e,deveras,nas trevas cair e assim se cessar e por-se em súbito silêncio.(...)"

III-
"Um primeiro sinal do conhecimento nascente é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável; uma outra, inalcançável. Então não há mais vergonha em se desejar morrer; pede-se apenas o deslocamento da velha cela, que se odeia, para uma nova, a qual no devido tempo se aprenderá a odiar. Um resquício de fé deverá fazer crer, durante a mudança, que o S-nhor vai casualmente surgir no corredor, olhar o prisioneiro e dizer: “Este não deve ser preso novamente. Ele vem comigo”.

IV-
O homem se imagina um cidadão livre e protegido deste mundo pois a ele está preso por uma corrente longa ao ponto de lhe permitir completa liberdade de movimento por todo espaço terreno ,mas não tão longa que lhe permita ultrapassar seus limites. Ao mesmo tempo ,no entanto, pode sentir-se também um cidadão livre e protegido do mundo celestial,ao qual se vê ligado por uma corrente semelhante.Assim sendo ,ele se vê contido pela corrente que o prende ao céu toda vez que pretenda dirigir-se à Terra,ocorrendo o inverso quando deseje alcançar o firmamento.Ocorre ,porém,que todas as possibilidades estão diante dele, e bem sabe disso,pois se recusa a aceitar o impasse decorrente da contenção original."

Antigamente,não podia entender por que minhas perguntas ficavam sem respostas;hoje,não posso entender como é que pensei ter a capacidade de perguntar.Na verdade, eu realmente não pensava:eu apenas perguntava.”

V-(...) Seria algo realmente desesperador, se caminhasses numa planície, com a agradável sensação de estar a avançar, quando na verdade retrocedias. Como porém escalavas uma encosta abrupta, bastante inclinada,conforme por ti mesmo vista de baixo, a causa do retrocesso bem poderia ser devido à disposição do terreno.Mas não,não deves desesperar. Por que a partir de um certo ponto não há mais retorno. Sim,a partir de um dado ponto, o unico objetivo é o proprio limite .E é esse o ponto que deve ser alcançado. Se sobrarem sonhos e faltarem forças e não mais puderes surpreender nem a si mesmo,então ,ao limite, a este traço , ponto ultimo e final terás atingido. Com o coração na mão até o limite ultimo pois a Vida é uma atitude solitária:Do Nasce-se,Vive-se e Morre-se,Só.Uma extensa estrada,solitaria, por vezes longa demais.

VI-O que deveria fazer?Ser.Apenas e assim pensar existir anonimamente ao tornar ao grão de poeira que fostes e que ajuntado pelas mãos fez-se um homem .Devesse agora então tornar ao pó,escoando, lançado ao vento ,ao esquecimento
.ציונות סוציאליסטית

VII-
"O caminho verdadeiro segue por sobre uma corda, que não está esticada no alto,mas se estende quase rente ao chão. Parece mais determinado a fazer tropeçar, do que a caminhar por ela" Na verdade uma corda bamba, ora tendendo a levar a um lado e outro, a fazer quase cair e poucos não cambaleam e uma vez isto ,perdendo o equilibrio ,desistem de caminhar por ela, apenas seguindo assistindo.Esta é a vida.E poucos conseguem libertar-se da mesmicie disto,tal como a quem me referi quando esbocei isto.Pena ser impossivel copia-la por que é indiscutivelmente ímpar.

VIII-

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,onde as formas e as ações não enceram nenhum exemplo.Praticas laboriosamente os gestos universais,sentes calor e frio, falta de dinheiro,fome e desejo sexual.Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.À noite, se neblina, abrem guardas chuvas de bronze ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerrae sabes que,dormindo, os problemas te dispensam de morrer.Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.Caminhas por entre os mortos e com eles conversas sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito(...)

Coração orgulhoso,tens pressa de confessar tua derrotae adiar para outro século a felicidade coletiva.Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes (mais), sozinho(viver a vida)dinamitar a ilha de Manhattan.

Ou deitar suspirando a morte ou Revolução que não acontecem nunca.

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