7 jun 2008

Um Kadish a um ainda vivo

Nesta noite tão plena de silencio
Criador Eterno
D-us de Abraão Isaac e Jacó

D-us Eterno
Não afaste de mim estes dias
Por que não mais temo
Só faze-me suportar esta dor
A vida inteira foi assim
Bendito tu sejas
Que me proporcionou ao menos dias ,alguns tão ricos

Foram dias
As margens do rio
Encontrei em momentos a nostalgia de minha terra,
Ao seio de minha mãe desejo rumar agora
Foram dias,e harmonia.
Para alguns tão pouco,mas que a mim valeram toda a vida
Foram instantes apenas
Eternizados em minha vida ao sempre

Eu não soubera o que é amor
Nem mesmo eu a tive
Conhecê-la nem isto
Mas ao menos tocar este sentimento
Sentir o amor bater ao peito
E pude então saber que as cores que pintastes,as cores do mundo
Nestes dias foram das mais vivas

Nem tudo que queremos podemos alcançar na vida
E apenas o pouco se tornou o Tudo
Tudo valeu a pena
A espera ,os anos,o reencontro
E todo sacrifício

Bendito tu sejas
Pela enchente em minha vazante
Pela florada enquanto na aurora já passara perdido
Meu ocaso
Meu Maio feliz
Minha primavera tão súbita no inverno de minha vida

Perdoa-me pelas mentiras
Pela covardia
Por inúmeras vezes em divida contigo
Apenas a pedir-te,mas nestes dias,te agradeci como nunca antes
Nesta seqüência de exaspero,em cada instante de prazer e dor,na falta de melodia ao frio e silencio, quando apenas eu podia enfim enxergar a vida

Difícil e encontrar estabilidade em vida.
O barco tende a cada segundo, e não menos ,eu, timoneiro,meu coração não mais agüenta
Do prazer que poderia ainda me vir
Da dor que poderá me brotar
Da perda do que obtive
Não mais outra.

Senhor,tu que pesa a cada noite as almas,
eis me aqui,entrego-te
Apenas agradeço e encerro-me aqui ,
como teu mais humilde e anônimo servo
Eu me canso.A intensidade de tudo isto,agora as forças estão exangues.
Posso agora deixar os olhos
Louvo a teu nome,Bendito seja tuEterno e D-us Único.
Deixa me ir,pois enquanto agora posso deixar os olhos
Estou ao horizonte, enquanto minhas forças jazem aos poucos
Estou seguindo com as aves,para em sonho saber onde irão chegar
Não mais lembrando dos dias cinzas
olhando para apenas aonde singram estas águas

A aquelas margens onde entoei também a canção
As margens do Paraíba
A canção que entoei de meu amor
E de Sião

Receba minha memória.
Bendito seja Criador da brevidade do tempo e da vida.
O que separastes a alegria e tristeza
E que a cada um justa medida concedeu.
Bendito sejas Eterno.
O que por ultimo vos peço
É que traga a mim a minha morte.E seja assim,como queiras,pois não temo a dor ultima ,do beijo que silencia os desfalecidos

**********
Sempre sem sentir olho o mundo e me vejo só
Beijo as sombras que num momento me adornam um sol
Criar num refúgio um D-us em quem me acudo
Enfim me acenar,as horas que sublimam o pensar
Guiar rumo ao leste,a um céu que deserte
Um filho ao tentar,sem asas, um livre voar

Nem temporais verão alguma linha,pois já me retirei
se vendavais trarão alguma vida,que tragam em sordidez
fechar com flor,fechar inocente flor
Bater com dor
bater inocente dor

Tento reagir ao silêncio que impuro forme
A tristeza que num flanco abrigar o tesouro que oculta encobre
criar um dilúvio que ordenhe ouro puro
do sangue a girarem voltas perdidas no mar
que banha como vulto
o eterno tão confuso que finge ao deitar nas ondas, as ruínas do ar ...
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(Em São Fidelis)
Com amor o amor se paga(ou apaga)

E tanta a dor que nem mais a sinto
Apenas a acumulo

E tanta a dor que nem mais a sinto
Um dia o peito pára.Cessa.Dá –se por vencido.

Nesta rua, olho a praça
No adeus na Rodoviária
Era apenas mais um domingo.Em São Fidelis fui traído

Mas do amor é que lembro
Assim guardo aquela imagem

Ao menos uma vez
E me vou.
Amei e fui traído (já posso morrer em paz, mesmo que nada seja recíproco)
A verdade que me iludiu ,a minha própria vida que quis sonhar
E crendo que pudesse ser possível ter outra vida
Recomeçar na casa dos 20 e tanto.
Pelo meu amor fui traído.Por amigos fui trocado

O que tem aquele?melhores palavras?
A barba, uma moto?o ir e vir de Campos?
Talvez....Mas por que me traíram,às minhas costas e fizeram em não me ajudar?

Sabia que não seria fácil
Mas por que tornaram tudo ainda mais difícil?
Não era bom aos olhos de todos.
É um crime não ajudar um amor tão antigo
(serão cúmplices da morte de um sentimento ,mas inocentes da morte por um eterno sono)

Fiz-me ridículo,
Por amor fui sereno, pacificamente ,cordeiro
Fizeram em apunhalar as costas num golpe sorrateiro
Aos poucos enquanto na sala ,sorria
Nas ruas eu caminhava
Eu mesmo a me trair com a esperança,aspirando nascer mais um dia
Na varanda ,meu amor distante,tramava
A cada viagem, conspirava
encontros furtivos, o papo furado sedutoramente timido...

Mas traição é bobagem.Coisa risivel a um comunista.
Possessividade tão burguesa.
Fica meu amor, apenas deixa-me mais um dia contigo, e eu sonhava

Mas ao meu lado o meu amor já me traia.
Ciúmes de outros sentia.Olhares e risos soturnos
Por que a mim sequer um carinho?

O que tem aquele?
Católico?Melhores palavras?Ele desperta tesão, sexo, luxuria ou aventura?
(Ninguem te ama como eu!dizia e morrendo ,a cada vã tentativa)

"Palavras mansas em voz de veludo"a canção diz...
Olhos negros que me apagaram sem perguntar como eu ficaria
O amor me matou e jogou-me fora
Me esquece enquanto segue a sorrir
Com quem descartar da casa o lixo
como assim faz com o seu lixo a cada dia

(Mas é minha vida que ela jogava ao rio)
E a cena todos aplaudiam:
“Bem vindo rapaz: Foda-se na vida”

2 comentarios:

Anónimo dijo...

muito triste

Anónimo dijo...

Neemiah
Amei o seu poema.
É assim: vai-se morrendo e nascendo a cada instante.
E vc. canta esse movimento com mestria e talento.
E o encantamento de descobrir que amou intensamente?
Pouco importa a traição, o afastamento. Houve a descoberta da capacidade de amar.E de se amparar no amor de Deus,de viver o amor fugaz que as pessoas podem se dar e receber.
Parabéns !
Que venham muitos poemas de sua lavra iluminar o nosso mundo carente de poesia.
Maria Lucia